"Um bom poema é aquele que nos dá a impressão de que está lendo a gente ... e não a gente a ele!". Mário Quintana
Muitas vezes, durante os meus 23 anos, 1 mês e 10 dias dessa vida, deixei passar alguns acontecimentos sem achar que eram importantes. Indiferença? Desatenção? Pode ser. Mas de alguns anos pra cá, mais precisamente 4 anos e alguns meses, instalei por orientação de amigos, um sininho ( que mais parece uma sirene) no meu consciente que me chama a atenção quando percebe que estou dormindo diante de todos os aspectos da vida. E percebi que mesmo quando o sino falha, o meu inconsciente me revela. Engraçado é que quando eu era mais nova, na adolescência eu tinha mania de acordar e anotar meus sonhos num caderninho (aprendi com minha amiga Milena) e hoje vejo que quando pego esse caderninho, e leio um sonho que posso ter tido há 7 anos atrás, todas as imagens, todo o sonho aparece bem nítido na minha mente. É incrível! Porque geralmente os sonhos que temos, muitas vezes não lembramos, ou se por ventura lembramos, esquecemos quando começamos a fazer alguma outra atividade. Talvez pelo fato de ter feito essas anotações, atualmente tudo (nem tudo claro, modo de falar só) que passa despercebido pelo meu consciente é revelado pelo meu inconsciente através dos sonhos. Existem dias que acordo com turbilhões de sentimentos que não entendo, e de repente quando paro para prestar a atenção vejo que era algo que eu devia ter me atentado e passou totalmente despercebido.
Mas o que isso tem a ver com a citação de Mário Quintana no título dessa postagem?
É que devido alguns acontecimentos do fim de semana, no sábado antes de dormir precisava falar ao coração de um amigo. E quando eu escrevia um pequeno bilhete direcionado a esse amigo (muito breve e simples, pois era tarde e no outro dia eu acoradaria às 7:00 am), eu tentava registrar a minha necessidade de que ele providenciasse uma abertura para que eu expressasse o que se passava dentro de mim. Mesmo ele não sabendo 1/10 do que havia no meu coração naquele momento, ele era a única pessoa que eu deveria falar. Eu estava com muitos sentimentos e pensamentos para os quais o meu sino estava tocando.
Eu acredito muito que quando há sintonia, há sincronia e estávamos e estamos sempre sintonizados. Dito e feito, o domingo foi cheio mas sobrou aquele último momento do dia em que eu o perguntei se eu podia passar em sua casa para dar-lhe um abraço. E meu amigo sempre com um sorriso feito de sol me presenteou com a oportunidade de abrir o meu coração.
E a partir disso, meu amigo através de sua sensibilidade, apresentou-me dois poemas que de acordo com a citação de Mário Quintana: "Um bom poema é aquele que nos dá a impressão de que está lendo a gente ... e não a gente a ele!", me fizeram perceber que para mim naquele momento eram os dois melhores poemas do mundo, pois leram a minha alma. Que todos possam mergulhar profundamente nesse mundo mágico que temos dentro nós!
Ditoso seja aquele que somente
Se queixa de amorosas esquivanças;
Pois por elas não perde as esperanças
De poder nalgum tempo ser contente.
Ditoso seja quem, estando ausente,
Não sente mais que a pena das lembranças;
Porque, inda que se tema de mudanças,
Menos se teme a dor quando se sente.
Ditoso seja, enfim, qualquer estado,
Onde enganos, desprezos e insenção
Trazem o coraçao atormentado.
Mas triste quem se sente magoado
De erros em que não pode haver perdão,
Sem ficar na alma a magoa do pecado.
Camões
Da mata no seio umbroso,
No verde seio da serra,
Nasce o rio generoso,
Que é a providência da terra.
Nasce humilde, e, pequenino,
Foge ao sol abrasador;
É um fio d'água, tão fino,
Que desliza sem rumor.
Entre as pedras se insinua,
Ganha corpo, abre caminho,
Já canta, já tumultua,
Num alegre burburinho.
Agora o sol, que o prateia,
Todo se entrega, a sorrir;
Avança, as rochas ladeia,
Some-se, torna a surgir.
Recebe outras águas, desce
As encostas de uma em uma,
Engrossa as vagas, e cresce,
Galga os penedos, e espuma.
Agora, indômito e ousado,
Transpõe furnas e grotões,
Vence abismos, despenhado
Em saltos e cachoeirões.
E corre, galopa. cheio
De força; de vaga em vaga,
Chega ao vale, larga o seio,
Cava a terra, o campo alaga...
Expande-se, abre-se, ingente,
Por cem léguas, a cantar,
Até que cai, finalmente,
No seio vasto do mar...
Mas na triunfal majestade
Dessa marcha vitoriosa,
Quanto amor, quanta bondade
Na sua alma generosa!
A cada passo que dava
O nobre rio, feliz
Mais uma árvore criava,
Dando vida a uma raiz.
Quantas dádivas e quantas
Esmolas pelos caminhos!
Matava a sede das plantas
E a sede dos passarinhos...
Fonte de força e fartura,
Foi bem, foi saúde e pão:
Dava às cidades frescura,
Fecundidade ao sertão...
E um nobre exemplo sadio
Nas suas águas se encerra;
Devemos ser como o rio,
Que é providência da terra:
Bendito aquele que é forte,
E desconhece o rancor,
E, em vez de servir a morte,
Ama a Vida, e serve o Amor!
Olavo Bilac
Mas o que isso tem a ver com a citação de Mário Quintana no título dessa postagem?
É que devido alguns acontecimentos do fim de semana, no sábado antes de dormir precisava falar ao coração de um amigo. E quando eu escrevia um pequeno bilhete direcionado a esse amigo (muito breve e simples, pois era tarde e no outro dia eu acoradaria às 7:00 am), eu tentava registrar a minha necessidade de que ele providenciasse uma abertura para que eu expressasse o que se passava dentro de mim. Mesmo ele não sabendo 1/10 do que havia no meu coração naquele momento, ele era a única pessoa que eu deveria falar. Eu estava com muitos sentimentos e pensamentos para os quais o meu sino estava tocando.
Eu acredito muito que quando há sintonia, há sincronia e estávamos e estamos sempre sintonizados. Dito e feito, o domingo foi cheio mas sobrou aquele último momento do dia em que eu o perguntei se eu podia passar em sua casa para dar-lhe um abraço. E meu amigo sempre com um sorriso feito de sol me presenteou com a oportunidade de abrir o meu coração.
E a partir disso, meu amigo através de sua sensibilidade, apresentou-me dois poemas que de acordo com a citação de Mário Quintana: "Um bom poema é aquele que nos dá a impressão de que está lendo a gente ... e não a gente a ele!", me fizeram perceber que para mim naquele momento eram os dois melhores poemas do mundo, pois leram a minha alma. Que todos possam mergulhar profundamente nesse mundo mágico que temos dentro nós!
Ditoso seja aquele que somente
Se queixa de amorosas esquivanças;
Pois por elas não perde as esperanças
De poder nalgum tempo ser contente.
Ditoso seja quem, estando ausente,
Não sente mais que a pena das lembranças;
Porque, inda que se tema de mudanças,
Menos se teme a dor quando se sente.
Ditoso seja, enfim, qualquer estado,
Onde enganos, desprezos e insenção
Trazem o coraçao atormentado.
Mas triste quem se sente magoado
De erros em que não pode haver perdão,
Sem ficar na alma a magoa do pecado.
Camões
Da mata no seio umbroso,
No verde seio da serra,
Nasce o rio generoso,
Que é a providência da terra.
Nasce humilde, e, pequenino,
Foge ao sol abrasador;
É um fio d'água, tão fino,
Que desliza sem rumor.
Entre as pedras se insinua,
Ganha corpo, abre caminho,
Já canta, já tumultua,
Num alegre burburinho.
Agora o sol, que o prateia,
Todo se entrega, a sorrir;
Avança, as rochas ladeia,
Some-se, torna a surgir.
Recebe outras águas, desce
As encostas de uma em uma,
Engrossa as vagas, e cresce,
Galga os penedos, e espuma.
Agora, indômito e ousado,
Transpõe furnas e grotões,
Vence abismos, despenhado
Em saltos e cachoeirões.
E corre, galopa. cheio
De força; de vaga em vaga,
Chega ao vale, larga o seio,
Cava a terra, o campo alaga...
Expande-se, abre-se, ingente,
Por cem léguas, a cantar,
Até que cai, finalmente,
No seio vasto do mar...
Mas na triunfal majestade
Dessa marcha vitoriosa,
Quanto amor, quanta bondade
Na sua alma generosa!
A cada passo que dava
O nobre rio, feliz
Mais uma árvore criava,
Dando vida a uma raiz.
Quantas dádivas e quantas
Esmolas pelos caminhos!
Matava a sede das plantas
E a sede dos passarinhos...
Fonte de força e fartura,
Foi bem, foi saúde e pão:
Dava às cidades frescura,
Fecundidade ao sertão...
E um nobre exemplo sadio
Nas suas águas se encerra;
Devemos ser como o rio,
Que é providência da terra:
Bendito aquele que é forte,
E desconhece o rancor,
E, em vez de servir a morte,
Ama a Vida, e serve o Amor!
Olavo Bilac
9 comentários:
Muita poesia num blog soh hahaha
Achu que todo mudo sai um pouquinho mais culto daqui =)
Achu que eh hora de você colocar algumas coisas daquele livro que vc ganhou neh?
Bejo moça
Seria.. deixa pro proximo =)
Mas pela atitude/comportamento do momento percebe-se um oceano de sentimentos de um domingo cheio de luz ! =)
Tudo claro e nitido !
Obrigada
Ahhhh q lindo gente.... assim eu vou chorar.... buaaaaaaaaaa
Feee não sou uma pessoa tão culta assim mas tem vários poemas que eu gosto.. depois te mando...
Uma sugestão, vc poderia colocar a diferença entre poesia e poema, eu estudei isso, mas não lembro de mais nada.... bjusss
Espero que esse seu amigo tenha te ajudado =)
Esse sorriso diz muitas coisas =D
Beijos para vc
É Feee já te disse tudo pessoalmente e vamos combinar que as vezes o mundo virtual não colabora muito na demonstração de sentimentos, por isso que é bem melhor ao vivo!!
Bjuss
Lov U
Nooooooossa to com dor de cabeça...o pior não é ler...é tentar interpretar.....hehehe
bjooooos no seu S2
ATÉ MAIS
Não tente entender, as vezes nem ela mesmo entende.... hahaha
Simplesmente brilhante, non?!
;)
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