"As palavras só tem sentido se nos ajudam a ver o mundo melhor. Aprendemos palavras para melhorar os olhos." Rubem Alves
Meus caros, encontrei um acervo com obras relevantes de um dos períodos mais produtivos da minha vida: a infância.
A infância certamente é um período produtivo para todos. Como Rubem Alves havia dito, as crianças têm olhos encantados. Seus olhos são dotados daquela qualidade que, para os gregos, era o início do pensamento: a capacidade de se assombrar diante do banal. "Para as crianças, tudo é espantoso: um ovo, uma minhoca, uma concha de caramujo, o vôo dos urubus, os pulos dos gafanhotos, uma pipa no céu, um pião na terra. Coisas que os eruditos não vêem."
E tudo que somos hoje é resultado do que fomos ontem. E o nosso ontem infantil foi construído com a ajuda de um guia, de alguém com mais experiência que também um dia foi criança e teve a ajuda de outro guia na construção de seu mundo interior e assim sucessivamente. Todo o mundo foi nenê, desde o considerado criminoso até o ganhador do prêmio Nobel da Paz! Crianças com tendências, e necessidades de educação, cidadãos do mundo. "Educar é mostrar a vida a quem não a viu. O educador diz: "Veja!" - e, ao falar, aponta. O aluno olha na direção apontada e vê o que nunca viu. Seu mundo se expande. Ele fica mais rico interiormente. E, ficando mais rico interiormente, ele pode sentir mais alegria - que é a razão pela qual vivemos. A primeira tarefa da educação é ensinar a ver. É através dos olhos que as crianças tomam contato com a beleza e o fascínio do mundo. Os olhos têm de ser educados para que nossa alegria aumente. A educação se divide em duas partes: educação das habilidades e educação das sensibilidades. Sem a educação das sensibilidades, todas as habilidades são tolas e sem sentido." Ficamos mais ricos interiormente a partir da expansão do nosso mundo interior através das belezas e também das misérias, conhecendo o nosso mundo. E interessante é fazer um paralelo com o conhecimento de si mesmo. Quando vamos nos conhecendo, ficamos mais pacíficos e conseguimos reconhecer a nós mesmos no próximo. Vêmos nossas virtudes, e nossos defeitos. Passamos a compreender mais. Nossos relaciomentos melhoram, pois nos tornamos mais compreensíveis, afinal, vêmos no próximo pessoas como nós mesmos. E a partir de relacionamentos melhores, haverá mais harmonia. E essa harmonia nos torna mais sensíveis tanto às belezas quanto às misérias do mundo. Assim conquistamos novamente a criança interior, a criança sensível com olhos encantados com a capacidade de se assombrar diante do banal.
"Os conhecimentos nos dão meios para viver. A sabedoria nos dá razões para viver." Rubem Alves.